O Ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás (MIREMPET) reafirmou que o Executivo continua "bastante empenhado” no processo de
construção da Refinaria de Cabinda, para que possa entrar imediatamente em operacionalização.
Diamantino Azevedo pontualizou que os atrasos verificados, que levaram ao adiamento da entrada em funcionamento da primeira fase da Refinaria, inicialmente prevista para o final de 2022, têm a ver com aspectos relacionados com as variações na economia, tanto a nível nacional, como a nível mundial, situação agravada pelo impacto da Covid-19.
O Ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, que contextualizou recentemente o ambiente à volta da implementação das obras de construção da Refinaria de Cabinda, no discurso proferido em observação à cerimonia de cumprimentos de fim-de-ano, referiu que "há um atraso no seu curso, mas o Executivo está bastante empenhado, com o parceiro privado que está a desenvolver a refinaria, para que a mesma entre em operação este ano”.
"Temos que continuar com a construção da Refinaria de Cabinda, que está relativamente atrasada. Mas é preciso ter em conta que o atraso deveu-se a aspectos da economia nacional e mundial, bem como teve a ver com o impacto da pandemia da Covid-19, a guerra na Ucrânia, entre outros factores”, aclarou.
Nesta ordem de ideias, o Ministro acrescentou que o Governo continua a desenvolver, com o parceiro privado, todo o processo de concepção da Refinaria do Soyo, tendo, igualmente, a Sonangol reactivado a construção da Refinaria do Lobito. "São esses projectos que vamos continuar a desenvolver neste mandato, para que o país tenha capacidade suficiente, em termos de refinação, para exportar produtos derivados do petróleo”.
Diamantino Azevedo referiu, ainda, que a Sonangol e os parceiros privados foram encarregados de estudar a possibilidade de construção de polos petroquímicos adjacentes a essas refinarias. Esse trabalho, explicou, está em curso e espera-se que os estudos nos indiquem se são exequíveis e se podemos obter polos petroquímicos junto destes complexos de refinação.
De recordar que a Refinaria de Cabinda está avaliada em mil milhões de dólares e terá uma capacidade instalada para processamento de 60 mil barris por dia, depois de concluídas as suas três fases de implementação. Na primeira fase, contará com uma unidade de destilação de petróleo bruto, de 30 mil barris de petróleo por dia, uma unidade de dessalinização, outra unidade de tratamento de querosene, oleodutos e um terminal de armazenamento de mais de 1,2 milhões de barris de petróleo bruto.
Na segunda e terceira fases acrescentam-se mais 30 mil barris por dia à capacidade de processamento de petróleo bruto, assim como unidades de reformação catalítica, hidrotratamento e craqueamento catalítico, que devem transformar a Refinaria numa infra-estrutura de conversão total. Depois de implementada na totalidade e de completamente operacional, a Refinaria de Cabinda vai produzir gasolina, gasóleo, GPL (gás liquifeito), óleo, combustível, Jet A1 e querosene.
Divulgação do potencial mineiro
A Agência Nacional de Recursos Minerais tem de se inserir mais na actividade de divulgação do potencial mineiro e atracção de mais investidores para o sector, referiu o ministro, enfatizando que o mesmo desempenha um papel importante no processo de desenvolvimento industrial do país.
No mandato anterior, recordou, o Executivo criou várias infra-estruturas de apoio ao sector, com destaque para análise dos minerais e formação. Neste sentido, Diamantino Azevedo disse que há necessidade de se criar todas as condições para que essas infra-estruturas sirvam, efectivamente, o sector Mineiro e o país.
O Ministro Diamantino Azevedo referiu que foram criadas instituições para promoverem e divulgarem a actividade desenvolvida no sector. Pediu às instituições, como centros de formação, para integrarem os serviços da indústria mineira. "Não podemos continuar a ouvir das empresas mineiras que precisam sempre ir buscar os técnicos a outros países, mesmo com todas as dificuldades que isso acarreta, quando o país já possuí infra-estruturas de formação”, disse, realçando que "se o país não tiver especialistas suficientes para fazer, vamos buscar esses especialistas para formarem os nossos técnicos”.
O Ministro defendeu, também, maior flexibilidade nas práticas implementadas, com vista a melhorar os aspectos ambientais e enquadrar para as comunidades nos projectos mineiros.
O dirigente manifestou a satisfação pela forma como se está a enfrentar os grandes desafios, afirmando a uma forte aposta na constituição da Bolsa de Diamantes, com o fim de se aumentar a capacidade de lapidação no país.
Processo de transição da Sonangol prossegue
O Ministro reafirmou que o processo de restruturação da Sonangol continua e o Executivo não desistiu da sua intenção de dispersar, parcialmente, parte do seu capital na Bolsa. "O projecto continua e não foi suspenso. Temos que adaptar o mesmo às condições endógenas e exógenas para que se criem os requisitos suficientes para se dar esse passo”.
Este passo não foi obrigado por ninguém, continuou, "foi uma decisão do Executivo, que viu que a empresa seria mais eficiente e rentável se dispersasse parte do seu capital em bolsa”. Diamantino Azevedo realçou que é um processo, e há variáveis que dependem da gestão da empresa, outras do Executivo e, ainda, existem aquelas que estão condicionadas à situação económica mundial.
O ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás destacou, durante o seu discurso, que a instituição sob sua tutela tem muitas actividades por desenvolver para a prospecção de petróleo. "O Ministério será mais actuante neste sentido para acelerar a prospecção de petróleo no país”.
Diamantino Azevedo apelou à compreensão de outros departamentos ministeriais, em particular da Administração do Território, Ambiente e das Finanças, "para que compreendam as características da indústria mineira, extractiva e petróleo. "Temos peculiaridades próprias, como a localização rígida destas actividades e que não podemos simplesmente exercer actividades onde achamos que temos condições, mas ali onde estão os recursos minerais”, frisou.
Acrescentou que não se deve colocar os destinos da indústria petrolífera do país nas mãos de estrangeiros. "Não estamos contra a vinda de estrangeiros ao país. Onde tivermos dificuldades, devemos chamar, sim, técnicos estrangeiros para ajudar, mas não podemos colocar os destinos do nosso país nas mãos do estrangeiros”, alertou o ministro.
"Não é correcto, e é uma irresponsabilidade, quando pessoas ligadas ao sector fazem este tipo de afirmações. Temos que demonstrar, na prática, que os angolanos têm capacidade para pôr e manter os destinos da indústria petrolífera nas suas mãos, o que requer, de nós, mais trabalho”.
Acrescentou, assim, quando se entende que os estrangeiros é que devem desenvolver o seu país, então estamos a falar de neocolonização”, advertiu.
Fonte: Jornal de Angola, edição de 3.1.2023
Jornalista Edna Dala