Para que exista actividade de extração ou exploração mineira é necessário que se proceda, inicialmente, a descoberta de uma jazida mineral que são concentrações em volume específico de material de ocorrência natural, onde podem ser extraídos minerais de valor económico e com lucro.
Durante o processo de sua descoberta ou viabilização destas jazidas são imprescindíveis serviços de suporte a actividade de prospecção e pesquisa mineral, como é o caso da sondagem mineira e serviços de análises laboratoriais, permitindo a amostragem ao pormenor, bem como, melhor conhecimento sobre as características químicas e físicas das amostras, correndo para o cálculo de recursos e reservas, isto é a avaliação qualitativa e quantitativa dos depósitos minerais.
Estes serviços também podem ser implementados após a concentração ou beneficiamentos dos minerais, como é o caso nos metais preciosos, que devem ser refinados, fazendo recurso a refinarias de metais preciosos, que é o local onde os metais passam por um processo de purificação e fundição por formas permitir a sua correcta aplicação nos mais variados segmentos industriais e dos mercados (joalharia, tecnologia, bancos, mercados financeiros, etc.) Foi nesta perspectiva, que no ano de 2013, a administração da extinta FERRANGOL em conjunto com empresas privadas nacionais, decidiram criar a empresa GEOANGOL, S.A., que é uma empresa domínio público, vocacionada na prestação de serviços laboratoriais e de sondagem mineira, serviços bastante carentes naquela ocasião, no nosso país.
Quando a ex-Ferrangol planeou estrategicamente implementar o projecto Geoangol, S.A, decidiu fazê-lo por fases, sendo a 1ª fase a que contemplou os serviços laboratoriais e de sondagem mineira, ambas implantadas em dois terços da área adquirida e infraestruturada, por si, para o efeito, tendo sido reservada a restante área para a expansão dos seus negócios futuros, prevendo-se na ocasião, a implantação de uma refinaria para metais preciosos, tão logo se justificasse a sua necessidade. E, porquê refinaria de ouro?
O ouro é um metal precioso, cuja ocorrência no nosso país encontra-se distribuída por diversas Províncias de Norte a Sul, com destaque para Cabinda, Bengo, Cuanza Norte, Huambo e Huíla. Actualmente, nestas parcelas do território nacional, é possível encontrar empresas mineiras dententoras de direitos mineiros de exploração, muitas delas já em produção, cujos trabalhos de prospecção, pesquisa e avaliação, tiveram o seu início no ano de 2010 e prosseguem até a data.
Para comercialização do ouro, as empresas mineiras devidamente licenciadas, ainda nas minas, submetem o minério extraído, que geralmente vem associado a outros minérios, a um processo de tratamento com o propósito de adequa-los as especificações exigidas pelos mercados, geralmente, apresentados em forma de barras. Apesar de passar por este processo de beneficiamento e fusão através de pequenos fornos elétricos que resultam em barras doré, ainda assim o produto obtido é considerado ouro bruto, necessitando por isso, um maior grau de purificação até alcançar os 99,99 %, o que só acontece em processos nas refinarias.
Há cerca de 2 semanas foi divulgado pelos órgãos da Comunicação Social nacional e internacional o lançamento, por Sua Excelência Ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Dr. Diamantino Pedro Azevedo, da 1ª pedra para a construção da 1ª Refinaria de Ouro de Angola, um empreendimento da Geoangol, S.A., localizada no Pólo Industrial de Viana (PIV), na Província de Luanda.
A decisão de implantar uma refinaria obedece a determinados pressupostos de natureza estratégica, económico-financeira, política e sobretudo à produção de matéria-prima para abastecê-la. Actualmente, a Província da Huíla é a que mais produz ouro no nosso país, mas ainda assim não tem produção em quantidade suficiente e nem outros pressupostos fundamentais que justifiquem a implantação de uma refinaria nesta parcela do território nacional.
Em princípio, o melhor local para se implantar uma refinaria para purificar metais preciosos não é, necessariamente, junto das minas, mas sim, junto aos aeroportos internacionais (pois, grande parte do ouro destina-se a exportação); junto aos mercados financeiros, bancários, bolsistas; onde existe abundante oferta de mão-de-obra qualificada; locais com muita segurança e fácil mobilidade de factores; lugares com infraestruturas laboratoriais, logísticas e etc. Aliás, eis aqui alguns dos factores que contribuíram para que a ex-Ferrangol tivesse tomado a decisão de implantar a Geoangol, S.A., no local em que se encontra.
Portanto, vale ressaltar que a decisão de construir a 1ª Refinaria de Ouro de Angola nas actuais instalações da Geoangol, S.A., obedeceu a factores de caracter estratégicos, económicos e financeiros desta empresa que tem sabido aproveitar um nicho de mercado bastante apetecível, lógico, isto associado aos demais factores supra-mencionados.
Com a implementação da refinaria de ouro de Angola, cuja previsão de funcionamento está estimada para um período de 12 meses, a partir da data de lançamento da 1ª pedra, a Geoangol, S.A., irá abrir mais 30 postos de trabalho directos, 24 dos quais para jovens angolanos recém-formados que beneficiarão de um período de formação no exterior do país. A 1ª refinaria de ouro em implementação no nosso país irá contribuir para a diversificação da nossa economia, assim como agregar valor ao nosso ouro, que deixará de ser exportado em forma de matéria-prima e passará a ser feito como produto elaborado.
Por: João Chimuco
* *Eng. de Minas e Adm da ANRM.