• MESA-REDONDA DE LUANDA FORJA ESTRATÉGIA PARA DIAMANTES NATURAIS


    Os ministros dos recursos minerais de Angola, Botswana, África do Sul, República Democrática do Congo e Namíbia reuniram, a 18 de Junho, em mesa-medonda ministerial sobre diamantes naturais, presidida pelo titular angolano dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás de Angola. “Diamantes Naturais: Desafios e Oportunidades” foi o lema do encontro realizando num dos hotéis de Luanda.

    Na ocasião, Diamantino Azevedo contextualizou a actual conjuntura do mercado das pedras preciosas, afirmando que desde 2022, que os mercados globais enfrentam uma série de perturbações. "As alternativas sintéticas, particularmente os diamantes produzidos em laboratório, têm vindo a ganhar terreno, sobretudo em mercados consumidores-chave como os Estados Unidos da América e a China”, mas salientou que “em cada desafio reside uma oportunidade”.

    Destacando o papel central da África na indústria, o ministro recordou que o continente é responsável por mais de 65% da produção mundial de diamantes em bruto. Contudo, destacou que “a verdadeira medida da nossa riqueza não está na quantidade de quilates extraídos, mas sim no valor que retemos, nos futuros que construímos e na dignidade que preservamos”.

    Angola, segundo Diamantino Azevedo, tem dado passos firmes rumo à modernização e valorização do sector. E
    avançou que em 2024, o país produziu mais de 14 milhões de quilates, alcançando 96% da sua meta nacional. “Inaugurámos a Mina de Diamantes do Luele com uma das maiores reservas do mundo e estamos a expandir o Pólo de Desenvolvimento de Diamantes de Saurimo com a adição de 19 novas fábricas [de lapidação]”, apontou como destaques. Adicionalmente, informou que o país está a preparar-se para a criação da Bolsa de Diamantes de Angola e a integração formal no Natural Diamond Council.

    Dirigindo-se aos seus homólogos africanos, Diamantino Azevedo apelou à união estratégica dos países produtores: “Chegou o momento para os países africanos produtores de diamantes falarem a uma só voz para defenderem aquilo que legitimamente lhes pertence e moldarem uma narrativa global que reflicta a nossa verdade e o nosso imenso potencial.”

    Durante a reunião, os ministros presentes apresentaram as suas reflexões estratégicas e compromissos concretos para reforçar a posição do continente na cadeia de valor global dos diamantes naturais. As intervenções convergiram em torno da necessidade de cooperação continental, rastreabilidade, modernização industrial e uma narrativa comum que valorize os diamantes africanos como bens éticos, autênticos e motores de desenvolvimento.

    Bogolo Joy Kenewendo, Ministra dos Minerais e Energia da República do Botswana, apelou à união entre os países produtores: “Queremos pedir a todos, que não deveríamos competir entre nós. Para isso, precisamos de criar uma estratégia global para promover os nossos recursos. Nós somos a origem dos diamantes naturais, não somos contadores de histórias.”

    Por sua vez, Kizito Pakabomba sublinhou o valor transformador deste recurso para o seu povo. “O diamante natural não é apenas um bem de luxo, mas um caminho para o desenvolvimento de muitos cidadãos congolenses. A RDC expressa a sua prontidão para colaborar no Acordo de Luanda. Acreditamos que o esforço colectivo vai permitir fortalecer a indústria diamantífera africana e garantir que o diamante natural continue a brilhar”, reforçou o titular da pasta das Minas da República Democrática do Congo.

    Gwede Mantashe, Ministro dos Recursos Minerais e Petróleos da República da África do Sul, destacou a necessidade de uma comunicação mais robusta. “O marketing sobre os diamantes naturais é necessário. Os produtores devem contribuir, se quisermos ter sucesso”, disse.

    Por fim, Gaudentia Khrone, Vice-Ministra das Indústrias, Minas e Energia da República da Namíbia, frisou os benefícios concretos que a indústria diamantífera tem dado, detalhando que “6,6% do PIB anual provém da produção de diamantes naturais e estas receitas têm sustentado a construção de infra-estruturas, impulsionado investimentos públicos, ajudando na educação e, consequentemente, promovendo a empregabilidade”, finalizou.

    Ao longo das sessões de trabalho foi discutido o futuro da indústria diamantífera, com especial ênfase ao contexto geopolítico e económico, evolução dos hábitos de consumo, desafios impostos pelos diamantes sintéticos e a necessidade crescente de rastreabilidade e promoção.

    A Mesa-Redonda Ministerial resultou na assinatura do Acordo de Luanda, documento que reafirma o compromisso dos Estados participantes em promover uma indústria diamantífera ética, transparente e alinhada com os desafios e oportunidades do século XXI. Foram signatários do acordo o Ministro Diamantino Azevedo, a Ministra Bogolo Joy Kenewendo (Botswana), o Ministro Kizito Kapinga Mulume (RDC), o Ministro Gwede Mantashe (África do Sul), a Vice-Ministra Gaudentia Krohne (Namíbia) e os representantes da Gem & Jewellery Export Promotion Council da Índia (GJEPC), o Antwerp World Diamond Centre (AWDC), a De Beers e a African Minerals & Commodities Centre (AMCC).

    Participaram também na actividade, o corpo directivo do MIREMPET e as suas empresas tuteladas, bem como algumas das mais proeminentes organizações do sector diamantífero a nível mundial, nomeadamente o Natural Diamond Council (NDC).