Crónica 
Terminou, a 4 de Setembro, a Conferência e Exposição Angola Oil & Gas (AOG), que durante dois dias foi o palco para quem lida com petróleo e gás. Foram mais de 2.500 delegados, ministros, executivos e especialistas, todos debaixo de um mesmo tecto, discutindo futuro, anunciando descobertas e assinando acordos que prometem redesenhar o mapa energético de Angola. A organização não hesitou em considerar esta edição como “a maior de sempre” e talvez tenha razão.
Mas, como quase sempre acontece, os grandes encontros guardam surpresas para o final. No meio do rebuliço das cifras e discursos solenes, um momento de ternura e futuro irrompeu no auditório: o anúncio da Bolsa Albina Assis, criada pelo Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás que, pela segunda vez consecutiva, distinguiu as melhores estudantes do Instituto Nacional de Petróleos (INP).
As vencedoras desta edição foram Emanuela Gizela Calombe Sazanga e Paula Vasco Madureira Muxinga, ambas de Luanda, que ingressaram no curso de Electromecânica com notas de 20 e 19,5 valores, respectivamente; Lúcia Nanjele Joaquim Huque, do Lobito, Benguela, para o curso de Refinação e Gás, com 17,75 valores; e Sabina Loureiro Panzo, também de Luanda, admitida no curso de Laboratório de Química com 17,25 valores.
São elas as novas guardiãs de uma herança, inscritas numa bolsa que leva o nome de Albina Assis, figura proeminente do sector, que rompeu barreiras e mostrou que a excelência não tem género.
Emanuela, com a serenidade de quem sabe o caminho que trilha, disse que “hoje não são apenas os homens que se destacam nestas áreas, mas também as mulheres. Eu própria tentei no ano passado, não consegui, mas com perseverança regressei e alcancei esta vitória. Que todas sigam este caminho com determinação.”
Ao lado dela, Paula, visivelmente orgulhosa, reforçou o apelo: “as plataformas de conhecimento e de trabalho hoje já não são só dos rapazes. Quero ser exemplo e inspiração para outras meninas.”
O gesto foi simbólico, mas de uma força imensa: o futuro de Angola em matéria de petróleo, gás e energia não se constrói apenas nas mesas de negócios e nos gabinetes ministeriais. Constrói-se, sobretudo, nas salas de aulas, nos laboratórios e no olhar confiante dos jovens.
E assim, quando as luzes se apagaram e a AOG 2025 se despediu, ficou no ar a sensação de que o maior acordo do evento talvez não tenha sido assinado por executivos de fato e gravata, mas sim por quatro raparigas que aceitaram o desafio de transformar o sector energético e, quem sabe, o próprio país.
A Bolsa Albina Assis cobrirá integralmente as despesas académicas durante os quatro anos de formação no INP e foram entregues na presença de José Barroso, Secretário de Estado para o Petróleo e Gás.
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