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Nacional
05 Janeiro de 2024 | 15h01

OPTIMISMO MODERADO COMANDA EXPECTATIVAS PARA A ECONOMIA

Filomeno Manaças, In Jornal de Angola, 05.01.2024

Apesar de estar a conhecer uma fase menos boa da sua produção petrolífera - longe do pico de um milhão e 903 mil barris alcançados em 2008, fruto do declínio de alguns poços como consequência do envelhecimento natural -, o optimismo moderado é o sentimento que está a comandar as expectativas em relação à economia angolana para o ano de 2024.

As esperanças estão concentradas, em particular, nos sectores dos recursos minerais, petróleo e gás e da agricultura. Esse optimismo moderado é consistente com o que está a ser feito, com os projectos em curso, em particular com os que começarão a dar frutos ainda este ano, e que, por isso, contrariam a linha de cepticismo que galgou terreno na sequência do recuo da produção de crude, que chegou a fixar-se em um milhão e 60 mil barris/dia, da relatada crise de cambiais e do aumento dos preços dos bens alimentares, verificado na esteira do corte ao subsídio à gasolina.

De acordo com o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, Angola "terminou o ano de 2023 com uma taxa média de produção de cerca de 1 milhão e 90 mil barris de petróleo por dia”. Para este ano é esperado que o processo de relançamento da produção petrolífera angolana conheça novos desenvolvimentos, com a entrada em funcionamento de novos blocos de exploração.

Anunciado para ter lugar ainda este ano está o recomeço da produção on shore na Bacia do Kwanza. Segundo noticiou a VOA logo no primeiro dia do ano, a Corcel, que detém 20 por cento das acções do bloco, revelou que a perfuração num dos poços (o TO-14) confirmou a presença de petróleo em toda a sua extensão, tal como já se tinha registado no poço TO-13. Esses dados juntam-se a resultados positivos registados na perfuração do bloco KON-11.

A Bacia do Kwanza já tem um histórico de produção. Foi explorada nos anos de 1960 a 1970 e ficou inactiva a partir dos anos 1990, devido à guerra. Além da Corcel, os restantes accionistas são a Sonangol (com 30 por cento), a Brite´s Oil and Gás (com 25 por cento), o Grupo Simples (com 20 por cento) e a Omega Risk Solution (com 5 por cento).

Em 2023 foram licitados um total de 12 blocos do onshore das Bacias do Baixo Congo e Kwanza, foram aprovados, renegociados e assinados contratos de serviços com risco e de partilha de produção para diferentes blocos e deu-se início ao estudo da Bacia do Etosha-Okavango - revelou o titular dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás.

O nosso principal produto de exportação (o petróleo) requer um acompanhamento especial, dada a volatilidade dos preços e a ameaça de um recuo significativo dos mesmos, devido à grande produção que se regista por parte de países que não integram o grupo OPEP+. Por enquanto, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia e a tensão no Médio Oriente - guerra Israel-Hamas e as operações das milícias houthis, do Yémen, no Mar Vermelho, para impedir a circulação normal de navios de e com destino a Israel - estão a ajudar a manter os preços a um nível acima dos 70 dólares por barril.

A grande aposta que é a diversificação da economia angolana vai, entretanto, conhecer a entrada em cena de outros actores. O ano passado começou a construção das instalações do Projecto Novo Consórcio de Gás, foi inaugurada a Fase 2 da Unidade de Recepção e Distribuição de Gás do projecto "Falcão”, localizado no Soyo, que deverá fornecer gás à futura Fábrica de Amónia e Ureia, também no Soyo.

Entre o conjunto de projectos em curso e que a curto e médio prazos poderão já dar a sua contribuição para melhorar a posição da economia angolana, são de realçar os ligados aos agro-minerais. De acordo com o ministro Diamantino Azevedo, "o ano de 2024 poderá ser significativo no que concerne a (sua) exploração para o fomento da actividade agrícola”. Dois importantes projectos - o de exploração de fosfato de Cácata e o de produção de fertilizantes granulados de rocha fosfatado de Cabinda - poderão ser concluídos e contribuir para o alcance da auto-suficiência do país nesse domínio, apontou.

Na agricultura, o empenho revelado o ano passado na abertura da campanha agrícola, em Setembro, promete fazer da época das grandes colheitas um período de balanços assinaláveis. Embora pouco se fale do sector e não obstante as intensas chuvas que têm provocado, em algumas regiões, inundações, com os rios a transbordarem e a arrastarem culturas, ainda assim, é esperado que os resultados suplantem os da época transacta.

O despertar para a agricultura é um fenómeno que está a crescer, à medida que as pessoas vão descobrindo que "quem tem lavra não passa fome”. Da lavra vêm muitos produtos da nossa alimentação diária, alguns até de qualidade indiscutível e com grande potencial para substituir bens que são importados.

Promover a agricultura é fazer dela o grande pilar da diversificação da economia, nas suas mais variadas vertentes, incluindo as da criatividade na implementação de negócios e inovação tecnológica. A produção nacional tem de ser capaz de, paulatinamente, ir reduzindo o peso dos bens alimentares importados, que são o grande sorvedouro de recursos em divisas.



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