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19 Maio de 2023

A DESCOBERTA DE UM MUNDO PARA ALÉM DO PETRÓLEO

O Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás realizou, nos dias 11 e 12, o seu VIII Conselho Consultivo na cidade do Uíge.

Por: Filomeno Manaças 

Uma das conclusões que se pode extrair do encontro é que o sector, ao contrário do que passa despercebido a muita gente, está num processo de mudanças profundas que prometem resultados mais substanciais a médio e longo prazo. Entretanto, para a satisfação geral, alguns resultados já começaram a aparecer. 

Depois de doze anos de trabalhos de prospecção, a mina de cobre de Tetelo, em Mavoio, na província do Uíge, viu lançada a primeira pedra pelo ministro Diamantino Azevedo na véspera do arranque dos trabalhos do VIII Conselho Consultivo do Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás. 

Uma amostra do dinamismo que está a marcar a actividade no sector mineiro, a mina de cobre de Tetelo faz parte de um vasto conjunto de projectos em marcha - alguns já entraram em fase de produção e outros ainda se encontram em trabalhos de prospecção para determinar as suas potencialidades, dados a conhecer por Diamantino Azevedo na cerimónia de abertura do encontro, que teve por lema "Recursos Minerais, Petróleo e Gás: crescimento, desenvolvimento e diversificação”. 

A própria mina de cobre de Tetelo poderá ter como companhia outras cinco, uma vez concluídos os estudos laboratoriais de avaliação do potencial das amostras minerais. 

De acordo com o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, os trabalhos para reposicionar o sector começaram na legislatura passada, com uma abordagem transversal, a começar pelo quadro jurídico-regulatório, passando pela questão do investimento em capital humano e abrangendo aspectos ligados ao investimento em infraestruturas e em actividades de campo. Essas intervenções conduziram a um ambiente que permitiu atrair vários investidores, tendo-se registado, como consequência, um aumento significativo da atribuição de direitos mineiros para a prospecção e exploração de diamantes, ouro, ferro, cobre, manganês, nióbio, elementos de terras raras, metais ferrosos, metais não ferrosos, metais básicos, calcário, areia siliciosa, gesso, rochas ornamentais, basalto, fosfato, minerais industriais como a fluorite, berílio, minerais contendo lítio e cobalto e águas mineromedicinais. 

Os dados revelados indicam que estão em curso projectos de prospecção de terras raras no Longonjo, no Huambo, de Nióbio em Quilengues, na Huíla, de cobre em Tetelo-Mavoio, no Uíge, de Lítio no Namibe e de cobre, cobalto e níquel no Cunene e Moxico. Já em fase de exploração apontam-se os projectos de ouro de Chipindo e de Chicuamone, na Huíla, e do Buco Zau, recentemente inaugurado em Cabinda, de manganês, em Kitota, na província de Malanje, e de ferro e produção de ferro-gusa no Cutato Cuchi, no Cuando Cubango. 

Entre as multinacionais a operar no país estão a AngloAmerican, a prospectar cobre no Moxico e metais básicos (níquel, cobre e cobalto) no Cunene e Cuando Cubango. A Rio Tinto está a pesquisar a existência de diamantes e cobre nas províncias da Lunda Sul e Moxico, enquanto a De Beers tem os trabalhos concentrados na prospecção de diamantes nas Lundas Norte e Sul. 

A Pensana Metals, por seu turno, desenvolve prospecção e exploração de elementos de terras raras na província do Huambo, ao passo que a Minbos está empenhada em desenvolver a exploração de fosfato em Cabinda. 

Os projectos em curso vão muito para além desta pequena amostra e revelam que Angola possui um vasto universo de recursos minerais que o Executivo pretende explorar para mudar a matriz energética do país e diversificar a economia, apostando também em tirar partido da sua existência para impulsionar o sector da agricultura. 

A apresentação de projectos destinados à produção, em Angola, de agrominerais (nitrogénio, potássio e fosfato), foi seguida com particular atenção, tendo em conta o facto de os agricultores angolanos, na sua maioria, dependerem desse componente para melhorar os resultados no domínio da agropecuária. 

Obrigado a importar toneladas e toneladas desse produto, com a implementação do projecto o país poderá poupar em divisas, por um lado, e, por outro, obter receitas com a exportação do excedente de produção. 

Como complemento, a produção de gás no Soyo não se destina apenas à exportação. O gás vai permitir reforçar o apoio à agricultura, porque é matéria-prima para a produção também de fertilizantes, cuja fábrica está a ser erguida naquela localidade. 

Assunto obrigatório na pauta de discussões da actualidade mundial, a transição energética não passou ao lado do VIII Conselho Consultivo do Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás. O compromisso de Angola com o objectivo de descarbonização do sector energético ficou bem patente com a apresentação de projectos para a produção de hidrogénio verde, numa parceria entre a Sonangol e empresas alemães, a construção de uma bio-refinaria, a implementação de uma estratégia de exploração e produção de biocombustíveis e do programa de exploração de energias renováveis. 

Em todos esses projectos, nota de realce vai para a preocupação do Ministério em assegurar o envolvimento do empresariado nacional na cadeia de fornecimento de bens e serviços, de modo a fomentar a criação de empregos e o desenvolvimento económico e social. Há, felizmente, muita coisa a acontecer e que vai alterar, para melhor, o quadro da economia nacional, fortemente dependente dos recursos petrolíferos, sector cujo relançamento também não está descurado.


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